Resumo: Ao longo dos séculos, as formas de apreensão do real pelo jornalismo se transformaram (e seguem em mutação), resultando em múltiplas definições para os conceitos de objetividade e subjetividade. Atualmente, a valorização da subjetivação em conteúdos jornalísticos está inserido num profuso contexto de rupturas paradigmáticas no campo, pontuadas por autores como Charron e Bonville (2016) e Medina (2014). Considerando tal panorama de transformações, o presente estudo analisa as estratégias de subjetivação adotadas pelos jornalistas Melquíades Junior (Diário do Nordeste) e Demitri Túlio (O Povo) na produção dos cadernos especiais “Viúvas do Veneno” e “Expedição Cocó”, respectivamente, a fim de perceber como a subjetivação da narrativa jornalística, reorientando o trato objetivo das informações e focando nos sujeitos, se revela na trama textual e em subversões externas a ela (envolvendo as rotinas produtivas e a conduta do repórter). Para tanto, mesclam-se, sobretudo, a Análise Crítica da Narrativa (MOTTA, 2013) e a Análise do Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2016) – a primeira, por entender a produção jornalística como um permanente jogo entre efeitos de real (veracidade) e efeitos de sentido (comoção, dor, ironia etc), acionado por múltiplos narradores (jornal, jornalista, fonte); a segunda, por abarcar em sua estrutura de análise as condições de produção, distribuição e consumo dos discursos.