A revista Cambiassu, vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), publicou em sua edição mais recente o artigo
“Apontamentos para um perfil dos arranjos alternativos de jornalismo no Ceará”, assinado pelos pesquisadores do PráxisJor Rafael Costa (líder), Mayara de Araújo (doutoranda) e Raphaelle Batista (mestranda). O artigo apresenta os primeiros resultados da pesquisa “Arranjos alternativos de jornalismo no Ceará: relações de comunicação e condições de trabalho”, realizada pelo grupo de pesquisa PráxisJor desde o final de 2019.
O objetivo desta pesquisa é compreender quem são e como trabalham os sujeitos que optaram ou se viram forçados a criar arranjos alternativos às corporações de mídia tradicional, além de descrever e analisar como funcionam esses arranjos. Esta é uma pesquisa coletiva realizada pelo PráxisJor em parceria com o Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT), da Universidade de São Paulo (USP).
O universo da pesquisa compreende, inicialmente, 63 arranjos de trabalho sediados sobretudo nas macrorregiões de Fortaleza, Sobral e Juazeiro do Norte. A pesquisa pretende ser um referencial e balizar estudos futuros acerca da emergência e sustentação dos arranjos alternativos de trabalho jornalístico, considerando suas heterogeneidades e aproximações no que toca às concepções do que é jornalismo, sua identificação com o que se chama de jornalismo alternativo, seu pertencimento a um território e também sua constituição individual ou coletiva.
Os resultados apresentados na revista Cambiassu indicam que os arranjos tendem a se identificar como jornalísticos a partir dos gêneros e formatos utilizados e também de rotinas e práticas típicas da profissão. Em sua maioria, não se definem alternativos ou independentes, tampouco empreendedores. Parte considerável deles é coletiva e faz menção a seu lugar de origem e/ou atuação. Esses achados dizem respeito à primeira etapa da pesquisa, que consistiu na análise de autodeclarações desses arranjos, isto é, textos, em geral localizados em seção
específica do site onde o arranjo está hospedado, que descrevem ou referenciam o próprio arranjo, podendo constar informações como histórico, propósitos editoriais, valores, temas de interesse ou de cobertura e perfil da equipe ou dos responsáveis pelo arranjo.
Essa etapa da pesquisa, a primeira empreendida pelo grupo, foi encerrada em maio de 2020 e em agosto o PráxisJor deverá divulgar um relatório com a sistematização dos achados da primeira fase. A investigação terá prosseguimento com a realização de entrevistas em profundidade com responsáveis por alguns dos arranjos. Para tal, será realizada uma nucleação dos arranjos, ou seja, agrupamentos em face de atributos comuns. Isso permitirá que se compreenda de maneira mais acurada a natureza e propósito das práticas jornalísticas efetivadas por esses arranjos, suas condições e existência e também os perfis profissionais dos sujeitos que a eles se dedicam.
Pesquisa original foi feita pelo CPCT/USP
A pesquisa intitulada “As relações de comunicação e as condições de produção no trabalho de jornalistas em arranjos econômicos alternativos às corporações de mídia” foi realizada entre setembro de 2016 e agosto de 2018, dirigida pela professora Drª Roseli Fígaro, coordenadora do Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho (CPCT) e do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCOM) da ECA/USP. A investigação contou com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp).
Com 11 pesquisadores envolvidos, o estudo revelou que as redações jornalísticas se virtualizaram, os fluxos de trabalho se dão em ambientes online como aplicativos de redes sociais e de trocas de mensagens instantâneas e as relações de trabalho são horizontais. “As redações são espaços virtuais digitais de conexão com fontes, equipe de trabalho, suporte técnico e logístico. O trabalho colaborativo em rede se dá em sua expressão plena, seja entre equipes com pessoas em diferentes países e estados do país, seja em diferentes bairros da cidade”, explica a coordenadora da pesquisa.
A etapa cearense da pesquisa foi iniciada após celebração de parceria entre o CPCT e o Grupo de Pesquisa PráxisJor, que assumiu a condução da investigação partindo do referencial teórico e estratégias metodológicas utilizadas na pesquisa original.
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