Em seu terceiro e último dia de evento, o Práxisjor reúne pesquisadores de todo o Brasil para discutir as práticas jornalísticas
Leo Reis 2º semestre - Curso de Jornalismo da UFC Kathelyn Silva 1º semestre - Curso de Jornalismo da UFC Mateus Sales 2º semestre - Curso de Jornalismo da UFC Raíssa Oliveira 1º semestre - Curso de Jornalismo da UFC
Nesta sexta-feira, 21, ocorreu o segundo dia dos Grupos de Trabalho (GTs) do Práxisjor na Universidade Federal do Ceará (UFC). Houve quatro GTs: Jornalismo e Narrativas, Jornalismo e Formação, Jornalismo e Ética e Jornalismo e Trabalho, cada um com 3 trabalhos apresentados; e Jornalismo e Formação, no qual foram apresentados 2 trabalhos. Cada grupo trouxe discussões relevantes sobre a prática jornalística dentro e fora da Universidade.
Um ponto de destaque neste segundo dia de evento foi a convergência de diferentes realidades da prática do Jornalismo. Como apontado pelo professor Edgar Patrício, “as discussões são bem interessantes do ponto de vista da atualidade, para a discussão do jornalismo, dessas transformações que tão acontecendo e dos princípios basilares do jornalismo”. Assim como ele, os estudantes da Universidade Estadual da Bahia (UESB) afirmam que a chance de apresentar seus trabalhos foi enriquecedora, por possibilitar ampliar a experiência e conhecer pessoas, além disso destacaram também que as discussões são muito atuais e pertinentes frente à realidade brasileira.
No GT de Jornalismo e Formação foram novamente trazidas à discussão as matrizes curriculares do curso de Jornalismo por todo o Brasil. O primeiro trabalho apresentado foi o da formanda Vitória Lobo da Universidade Estadual da Bahia (UESB), no qual foi abordada a construção das narrativas documentais dentro da universidade e a pouca exploração dos recursos audiovisuais — uso de documentários associados a prática jornalística. O trabalho seguinte tratou das rádios universitárias públicas, focando no contraste entre as rádios da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que diferem quanto aos investimentos voltados para a área e quanto a integração dos estagiários.
No GT de Jornalismo e Trabalho foram abordados novos arranjos produtivos de trabalho no jornalismo, além da flexibilização e da precarização deste, moldando-se a partir de mudanças estruturais na profissão. A mediação foi coordenada por Naiana Rodrigues e teve início com o trabalho “Influências da precarização na qualidade jornalística: construção de uma matriz de indicadores”, de Janara Nicoletti e Jacques Mick da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Em seguida, tivemos o trabalho “Assédio moral a jornalistas no contexto organizacional das empresas de comunicação”, de Isabele Rodrigues Câmara, formada pela UFC e que atualmente cursando Pós-Graduação em Administração na Universidade Estadual do Ceará (UECE).
As apresentações seguintes possuíam foco no jornalismo cultural e a indústria jornalística. Francisco Geraldo de Magela Lima Filho, formado pela UFC e com Mestrado e Doutorado em Teatro, desenvolveu “Notas sobre o papel (e o lugar) do crítico teatral”. Para encerrar, foi apresentado o trabalho “Processos de negociações profissionais na escolha da capa de revista Rolling Stone Brasil em 1972 e em 2016”, das autoras Djenane Arraes Moreira da Universidade de Brasília (UNB) e Patrícia Lima da (UFSC). Ao final de cada apresentação houve debate sobre a importância da discussão sobre o ambiente de trabalho. Sobre os trabalhos apresentados, Olga Lopes, estudante de Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), comenta, “eles tinham essa dinâmica de pegar um elemento, principalmente da atividade profissional, e usar como objeto de base nas pesquisas; no eixo Jornalismo Cultural tiveram dois trabalhos que falaram dessa área que é pouco privilegiada no mercado de trabalho diverso que é o do Jornalista".
O GT Jornalismo e Narrativas, que teve três trabalhos apresentados, continuou a focar na forma como novas formas de narrativas alteram a prática jornalística, desta vez voltado para construções de sentido nos meios de comunicação e em grupos minoritários. O primeiro trabalho, de Yasmin Miranda, da Uesb, objetiva uma análise da participação feminina e dos estereótipos sobre gênero no jornalismo, utilizando-se do portal Think Olga como objeto de estudo. Em seguida, Eliezio Jeffry comentou sobre sua pesquisa, que ainda está em andamento e servirá como seu Trabalho de Conclusão do Curso (TCC). O trabalho apropriou-se da teoria jornalística do gatewatching (que é uma reestruturação da teoria do gatekeeper) para analisar eventos que são abordados na mídia depois de repercussão social.
O terceiro e último trabalho foi desenvolvido na UFRN por Kamyla Álvares Pinto e Kênia Beatriz Ferreira Maia, que foi a orientadora da pesquisa e quem esteve presente para apresentá-la. A pesquisa analisou a repercussão do público frente à noticiabilidade da fuga de presos da Prisão de Alcaçuz, no Rio de Grande do Norte, que ocorreu em janeiro de 2017. Sobre o Práxisjor, Kênia comentou: “Como é um evento pequeno, tem sempre suas vantagens, porque você vê as pessoas, você conversa com as pessoas, e isso é sempre bem interessante”.
O GT Jornalismo e Ética, mediado pela professora Maria Érica de Oliveira Lima, reuniu três trabalhos: “Análise sobre ética no jornalismo a partir da obra Bar Bodega um crime de imprensa”, “Análise dos dilemas éticos enfrentados pelos redatores de Guanambi” e “A construção do discurso da verdade no jornalismo de fact-checking”. Daniel de Rezende Damasceno, jornalista formado pela UFC, questionou em sua pesquisa o funcionamento das empresas de fact-checking como comprovadoras da verdade e como a atividade dessas empresas tem influência no período eleitoral. Além disso, os artigos de Tarcísio Arcanjo de Oliveira, aluno da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), e de Marcela Silva Benevides, aluna do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7), trouxeram reflexões sobre o uso de palavras de ordem como juízo de valor e o poder do jornalismo na desconstrução da reputação de uma pessoa.
Por fim, Maria Érica debateu com os presentes sobre as fake news, o jornalismo como detentor da verdade e a manutenção da ética jornalística. Para ela, o jornalismo não é o poder, mas está muito próximo do poder e pode seduzir cada um de nós. A pesquisadora Marcela Benevides considera que lembrar de sua carreira acadêmica é crucial para não se esquecer da ética. “É isso, você nunca querer errar, você nunca achar que você é um profissional completo, 100%, que você não precisa de mais nada. É sempre você revisar a sua carreira acadêmica para ser um bom profissional”.
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